A estratégia dos poderosos para confundir os movimentos de esquerda é complexa mas pode ser resumida nos seguintes passos. Primeiro, cooptar os movimentos sociais e convencer a população a não interagir com os verdadeiros partidos de esquerda nos quais surgiram as principais lideranças desses movimentos (vale lembrar que centro-esquerda não é esquerda). Segundo: o povo atônito engrossa a multidão de descontentes de forma anônima e apartidária. Terceiro, uma vez bloqueado o elo entre o povo e os partidos de esquerda, a população passa a acreditar que o único caminho para a mudança é o próprio fortalecimento das instituições que regem o espetáculo democrático.
Por outro lado, cabe à esquerda compreender que não há a mínima possibilidade de que tenhamos um retrocesso à ditadura militar no Brasil. E isso se deve não a uma ausência de vulnerabilidade popular ao discurso da moralidade propagado pela direita. Essa vulnerabilidade existe e é latente. Mas meus caros, o motivo é muito mais simples e concreto: a história nos mostra que lucra-se muito mais no regime democrático do que em qualquer regime ditatorial. Pense nas privatizações, no crescimento econômico e na inserção internacional do Brasil no período pós-redemocratização; pense no crescimento vertiginoso do PIB mundial e da concentração de renda per capita após o fim da Guerra Fria e a implementação da democracia liberal sobre três quintos da população mundial.
Aliás, nada mais sintomático do embuste democrático do que a união de todas as frentes do complexo democrático espetacular contra um suposto inimigo comum, o elo transitório e mais fraco da corrente, a classe política, testa de ferro das elites que a controla. Nada mais natural que personalidades famosas, vinculadas institucionalmente à política ou não, elejam esse alvo para os seus ataques de grande apelo popular. Copa do mundo, democracia espetacular, Estado democrático de direito: nada disso está ameaçado. Meus caros, essas manobras apenas representam o modo como o espetáculo democrático renova-se para sustentar-se a si mesmo e não chegar a lugar algum.( Hânder Leal)
Fonte:
http://www.brasildefato.com.br/node/13406
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