sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Alunos organizam o debate: "Educação é Caso de Polícia?"

          Na tarde de ontem, dia 03/10/2013, quinta-feira, os alunos da PUC-Rio puderam participar de um intenso e importante debate sobre os atuais protestos que envolvem a greve dos professores públicos liderada pelo SEPE. Os alunos do curso de Ciências Sociais organizaram, como de costume, um excelente debate que contou com ampla participação dos alunos da PUC. Cerca de 200 presentes ouviram, participaram dos debates e foram até além do próprio cronograma. O debate sobre a participação ativa nos protestos foi até o próprio movimento estudantil na PUC, que há muito tempo vem sendo desarticulado e desorganizado por setores não interessados nas lutas sociais, mas de fazer do movimento estudantil um bom negócio. 
           O Movimento Universidade em Debate sempre construirá e participará de iniciativas que ousem contestar a ordem capitalista e que integrem cada vez mais os alunos da PUC à realidade dentro e fora do campus.

Segue abaixo a nota redigida pelos alunos do curso de Ciências Sociais e posta para assinatura durante o debate:

"Nós, alunos da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio), dirigimo-nos ao Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE – RJ) para declarar apoio incondicional às reivindicações do mesmo e manifestar nossa indignação diante das ações do Exmo. Senhor Prefeito Eduardo Paes, de alguns membros da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Em nossa compreensão, a maneira pela qual foi conduzido o processo de elaboração, votação e sanção do Plano de cargos e salários dos professores de nosso município não condiz com as diretrizes de um Estado democrático de direito. A total ausência de diálogo, instrumento de primazia numa democracia, com os profissionais da educação e a sociedade civil culminou em cenas lastimáveis nos últimos dias para a nossa cidade: professores, manifestantes, agentes públicos e estudantes feridos, detenções, liberdades e direitos garantidos em Constituição lesados. Entendemos que o Plano já sancionado pelo Exmo. Senhor Eduardo Paes por não contemplar mais de 90% da classe dos professores, ter sido construído de maneira unilateral, não valorizar a categoria, dentre outras funestas questões, é demasiadamente prejudicial para os professores da nossa cidade e em última instância para o sistema educacional e para a sociedade.
Na manhã do dia 02 de Outubro de 2013, terça-feira, o Rio de Janeiro parecia uma cidade sitiada, valendo dizer que o processo aqui questionado em muito se deu com práticas próprias a um regime de Estado de exceção. A democracia necessita ser salvaguardada e entendida não somente como fim, mas como meio para uma sociedade mais justa e igualitária. Para tanto, a função social do professor pode ser considerada das mais nobres, sendo a educação o mais primordial dos elementos para a construção de uma nação próspera. Desta maneira, é absolutamente inadmissível a supressão do direito de ir e vir, do direito à manifestação, do direito à greve e do direito à liberdade de expressão. As ações truculentas da Polícia Militar durante as manifestações ocorridas desde junho e, em especial, recentemente não podem de forma alguma ser toleradas. E a responsabilidade por tais ações maléficas deve ser compartilhada pelas autoridades públicas diretamente envolvidas: a Prefeitura e a Câmara dos Vereadores que solicitaram reforço policial excessivamente desproporcional à capacidade de ação dos manifestantes, o governo do estado e a secretaria estadual de segurança pública, responsáveis diretos pela Política Militar e, por conseguinte, o comando da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro.
Por fim, corroboramos nossa solidariedade aos professores da rede pública municipal do Rio de Janeiro, garantindo nossa posição ao lado daqueles que lutam por uma democracia plena, pela valorização dos professores em nossa sociedade e por uma educação de qualidade."



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